Com pouco menos de 3 casos para cada 100 mil pessoas, o câncer de peritônio é considerado raro no Brasil. Esse tipo de doença atinge a membrana que reveste a parte interna da cavidade abdominal e que recobre alguns órgãos, como o estômago, os intestinos delgado e grosso, o reto, a bexiga e o útero.
Toda essa camada é rica em vasos do sistema linfático, que funcionam como sistema de defesa do organismo. O câncer de peritônio pode ser classificado como primário ou secundário. O primário se forma na própria membrana. Quando progride, ele favorece o aparecimento de nódulos, podendo causar dor abdominal e acúmulo de líquido.
O caso secundário ocorre quando a doença vem de outro órgão, sendo considerada uma metástase. Quando ocorre, chamamos de carcinomatose peritoneal. Os principais órgãos de origem os intestinos, ovário, apêndice, útero, estômago, e pâncreas.
Sintomas de câncer de peritônio
Os tumores nessa região podem ser difíceis de ser diagnosticados nos estágios iniciais da doença. Isso porque os sintomas não são claros e fáceis de se identificar e ainda se confundem com diversas outras doenças, algumas mais simples, como gases e prisão de ventre, bastante comuns.
Quando os sintomas ocorrem de forma clara e recorrente, muitas vezes é um sinal de que a doença progrediu. Muitos dos sintomas aparecem devido ao acúmulo de líquido (ascite) no abdômen e podem ser:
- dor abdominal,
- diarreia e náuseas,
- prisão de ventre,
- massa abdominal,
- aumento da circunferência abdominal,
- distensão do abdômen,
- ascite (fluido no abdômen),
- febre,
- perda de apetite,
- ganho ou perda inexplicável de peso,
- fadiga,
- anemia,
- distúrbios digestivos,
- constipação,
- micção frequente,
- sangramento vaginal anormal.
Causas
As causas ainda são pouco conhecidas, podendo ser multifatoriais, geralmente com componentes genético e externo. A causa externa mais conhecida atualmente é a exposição ao asbesto (amianto), que está relacionada com mais de 80% dos casos, do câncer primário do peritônio, o mesotelioma. Nos casos de carcinomatose por metástase, a causa vai depender da do sítio primário do tumor, ou seja, onde começou.
Tratamento
Os tratamentos para esse tipo de câncer incluem cirurgia, quimioterapia sistêmica (venosa), quimioterapia intra-abdominal e radioterapia, de forma conjunta ou separada. No caso da cirurgia, o objetivo é remover a maior parte possível dos tumores (cirurgia citorredutora) e também remover alguns órgãos, caso sejam atingidos, como ovários, trompas e útero, além de outros tecidos.
A quimioterapia intraperitoneal (intra-abdominal) deve ser feita por profissionais treinados, em centros especializados. Nestes casos, o cirurgião é quem aplica o quimioterápico durante o ato cirúrgico.
Nos casos em que não é possível retirar todo o tecido afetado, pode-se utilizar quimioterapia ou radioterapia para tentar eliminar o restante das células cancerígenas do abdômen.
O paciente pode receber o tratamento por meio de injeção no hospital, a cada 1, 2 ou 3 semanas, ou em sessões de radioterapia. Nos casos mais graves, em que a doença se encontra em fase terminal, outros órgãos, como rins, bexiga e intestinos, são afetados, e nesse caso o tempo de vida do paciente fica bastante reduzido, pois as opções para a regressão da doença são menores.
O importante é sempre fazer o tratamento do câncer de peritônio e o acompanhamento do quadro com especialistas, que podem fazer o correto diagnóstico e indicar procedimentos para menores e mais assertivas intervenções.
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