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O impacto da obesidade no risco de câncer digestivo

A obesidade é um dos principais fatores de risco para diversas doenças crônicas, incluindo hipertensão, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. No entanto, um aspecto menos discutido, mas igualmente preocupante, é sua relação com o câncer digestivo. Estudos científicos demonstram que o excesso de gordura corporal pode aumentar significativamente as chances de desenvolver cânceres do trato digestivo, incluindo esôfago, estômago, fígado, pâncreas e colorretal.

Como a obesidade influencia no desenvolvimento do câncer digestivo?

O tecido adiposo não é apenas um depósito de energia; ele também desempenha um papel ativo na produção de hormônios e substâncias inflamatórias que podem promover o crescimento de células cancerígenas. Entre os principais mecanismos que explicam essa relação, destacam-se:

  1. Inflamação crônica: O excesso de gordura corporal leva a um estado de inflamação crônica de baixo grau, que pode causar mutações celulares e favorecer a proliferação de células tumorais.
  2. Resistência à insulina e aumento da glicose sanguínea: A obesidade está associada à resistência à insulina, condição que pode aumentar os níveis de glicose no sangue e estimular o crescimento de células cancerígenas.
  3. Desequilíbrio hormonal: O excesso de gordura pode aumentar a produção de estrogênio e outras substâncias hormonais que influenciam o crescimento de tumores.
  4. Alterações na microbiota intestinal: O microbioma intestinal é essencial para a digestão e manutenção da saúde do trato gastrointestinal. A obesidade pode levar a um desequilíbrio na microbiota, favorecendo processos inflamatórios e carcinogênese.

Cânceres digestivos mais associados à obesidade

Diversos tipos de cânceres estão diretamente ligados ao excesso de peso. Entre os mais afetados, destacam-se:

  • Câncer de esôfago: Principalmente o adenocarcinoma esofágico, que está relacionado à doença do refluxo gastroesofágico e à obesidade abdominal.
  • Câncer gástrico: Estudos indicam que a obesidade pode aumentar a incidência de câncer na parte superior do estômago, próximo ao esôfago.
  • Câncer colorretal: Um dos mais associados à obesidade, devido à inflamação crônica e às alterações na microbiota intestinal.
  • Câncer de fígado: O fígado gorduroso não alcoólico, condição comum em pessoas obesas, pode evoluir para cirrose e, posteriormente, para câncer hepático.
  • Câncer de pâncreas: Embora menos estudado, há evidências de que a obesidade aumenta o risco desse tipo de câncer devido à resistência à insulina e inflamação.

Como reduzir o risco de câncer digestivo?

A boa notícia é que mudanças no estilo de vida podem reduzir significativamente o risco de cânceres associados à obesidade. Algumas estratégias eficazes incluem:

  • Manter um peso saudável: Reduzir o percentual de gordura corporal por meio de alimentação equilibrada e atividade física regular.
  • Adotar uma dieta rica em fibras: O consumo de frutas, legumes, verduras e grãos integrais favorece a microbiota intestinal e reduz processos inflamatórios.
  • Evitar o consumo excessivo de carnes processadas e embutidos: Esses alimentos estão associados a um maior risco de câncer colorretal.
  • Praticar atividades físicas regularmente: O exercício ajuda a regular os níveis hormonais, reduzir a inflamação e melhorar a resposta à insulina.
  • Evitar o consumo excessivo de álcool: O álcool em excesso está associado ao câncer de fígado e esôfago.
  • Fazer acompanhamento médico regular: Para pessoas com histórico de obesidade ou fatores de risco adicionais, exames preventivos podem ser fundamentais para um diagnóstico precoce.

Cirurgia bariátrica e redução do risco de câncer

Para pacientes com obesidade severa, a cirurgia bariátrica pode ser uma opção eficaz não apenas para perda de peso, mas também para reduzir o risco de câncer. Estudos mostram que indivíduos que passaram por cirurgia bariátrica tiveram uma redução significativa na incidência de câncer digestivo, especialmente o colorretal e o de esôfago.

A obesidade é um fator de risco modificável para o desenvolvimento de cânceres do trato digestivo. Investir em hábitos saudáveis, manter um peso adequado e realizar exames de rotina são medidas essenciais para reduzir esse risco. Além disso, para pacientes com obesidade severa, a cirurgia bariátrica pode ser uma alternativa viável para melhorar a saúde geral e reduzir as chances de câncer no sistema digestivo. Prevenir é sempre o melhor caminho para uma vida longa e saudável.

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Hérnias da Parede Abdominal

Ocorrem devido às malformações ou fragilidade adquiridas durante a vida. Neste local, por aumento da pressão intra-abdominal, o conteúdo peritoneal se projeta para o exterior, causando a hérnia. Geralmente, as hérnias são móveis, podendo ser reduzidas. Em algumas situações tornam-se presas (encarceradas), podendo inclusive sofrer isquemia (estranguladas).

Cálculos da Vesícula Biliar

A litíase das vias biliares, também conhecida como "pedra na vesícula", atinge de 10 a 20% da população. Por um desequilíbrio bioquímico na bile - que fica armazenada e concentrada na vesícula biliar - cálculos de tamanhos variados podem se formar. Esses podem ser assintomáticos, causar dores de intensidade variada e complicações mais sérias - como colecistite, colangite e pancreatite.